Gostamos de escrever e de pensar. Costumávamos trocar e-mails, mas decidimos expor nossas ideias a quem quer que queira vê-las, e assim surgiu o Abracabessa. Sem cedilha mesmo, porque tudo pode ser mudado - e mesmo que não seja para melhor, às vezes a mudança traz consequências fantásticas!

8 de set. de 2011

Adoro os homens!

Imagem daqui

Já sei disso há algum tempo, só não conseguia definir direito o motivo, a tal razão de me fazer cair ao seus pés, adorando-os.
Eis que hoje, ao ver aquelas centenas de pessoas no maior freje e na maior tensão procurando suas salas, seus nomes, seus documentos, os homens pareceram – especialmente – brilhantes! Não era que estivessem com cara de inteligente porque fossem fazer a prova do concurso, mas a ausência de quase tudo que eles demonstravam. Não sei se chamo desapego ou desnecessidade mesmo. As mulheres com suas bolsas enormes, garrafas d’água, livros, papeis, apostilas, etc etc etc. e eles: calça + blusa + sapatênis. Quando muito um cinto. Pronto. A caneta (única, certamente) deveria estar no bolso da calça ou então pediriam à mulher ao lado que, certamente, teria mais de uma na bolsa, bem como dois lápis, remédio para dor de cabeça, absorvente, batom, chaves, carteira, três tipos diferentes de documento de identidade, comprovante de inscrição, barrinha de cereais, chocolate, chicletes, casaco de frio, agenda, celular, MP4, etc etc etc.
Essa foi a descrição do conteúdo da minha bolsa, arrumada cuidadosamente antes do concurso, para eu não esquecer nada importante. E não esqueci, é claro! E nem eles, certamente. A questão é que eles não precisam – de nada, nem de ninguém. Meu marido gosta de futebol e tanto faz para ele ver o jogo sozinho ou com os irmãos. O adolescente do andar de baixo gosta de jogos de vídeo-game e já o vi fazendo a mesma festa jogando sozinho/com a namorada/com os amigos. Os caras da prova não são como eu, que posso sentir frio, calor, fome, sede, dor de cabeça, etc etc etc. eles, não: ficaram 4 horas enfiados na sala sem ir ao banheiro, sem tomar água, sem tonturas, sem comer nada. Ainda olhei para trás antes de sair: estariam vivos? Vivinhos! Havia vários, lá fora, com cara de quem acabou de surfar, tranquilésimos, enquanto as mulheres viradas ligando pra todo mundo: pra falar que a prova terminou, que venha me buscar, que foi lasca, que foi massa etc etc etc
Quando Paulo sai sozinho leva as chaves de casa, do carro e os documentos espalhados pelos bolsos da calça. Quando leva a Marina: é bolsa com roupa, bolsa com lanche, pasta de tarefa escolar, brinquedo, tiara na cabeça etc etc etc. Ontem mesmo aconteceu de, ao desligar a última luz do apartamento, ela dizer “Papai, o batommmmm”. Sim, ele ligou e voltou e passou nela o gloss que havia ficado sobre a mesa.
Não digo que quero ser homem – não quero mesmo, nem na próxima encarnação – mas quero ficar aqui, de camarote, vendo esse espetáculo estranhíssimo que é essa multidão que precisa de tão pouco para viver!

2 comentários:

  1. Um bom exemplo são as malas de viagem. As nossas, com kit de primeiros socorros, kit de unhas, kit de maquiagem, xampu e condicionador, uma roupa para o frio e outra para uma ocasião especial (e as do dia-a-dia, claro). Na deles, duas bermudas, duas cuecas, três camisas, desodorante e chinelo (o tênis vai nos pés). Juro que ainda tento entender como conseguem se virar com tão pouco.

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  2. vou nos shoppings da vida e vejo aquelas recas de adolescentes:
    meninos - bermuda, camisão, chinelão e só.
    meninas - cabelos enfeitados de todos os tipos; maquiagens mis, brincos caindo pelos ombros, quilos de batons na boca e na bolsa, unnhas lustrosas e compridas, celulares, óculos, cintos, fivelas, sapatos de saltos altíssimos, um monte de bijuterias, perfumes espalhados no ar e guardados nas... afe! é tanta coisa que ja tô cansado só de pensar... fui!

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