Gostamos de escrever e de pensar. Costumávamos trocar e-mails, mas decidimos expor nossas ideias a quem quer que queira vê-las, e assim surgiu o Abracabessa. Sem cedilha mesmo, porque tudo pode ser mudado - e mesmo que não seja para melhor, às vezes a mudança traz consequências fantásticas!

6 de jul. de 2011

“Todo grande amor só é bem grande se for triste?”


Quem é fã de Vinicius e de Tom deve ter tido a sensação de que já conhece esse título. Talvez, quem tenha assistido Alma Gêmea, novela exibida na Globo, também tenha tido uma impressão parecida. É que na verdade a frase utilizada para intitular esse texto, originalmente afirmação, e não pergunta, foi extraída de uma música composta por ambos, e também foi tema de Rafael e Serena, os mocinhos sofredores da telenovela global, que somente no último capitulo, através de sua morte, viram a possibilidade de sentir e eternizar o amor que sentiam.

Há ainda na canção, um outro trecho em que amante diz ao amado: “Por isso meu amor, não tenha medo de sofrer, pois todos os caminhos me encaminham pra você”. Levando-nos a crer que o sofrimento por amor é mesmo bonito, deve ser aceito e principalmente vivido, como forma de se estar experimentando um sentimento intenso e verdadeiro.

E é a partir disto que a afirmação presente na música acaba virando pergunta diante das minhas observações. Afinal de contas, por que quase sempre escolhemos e nos orgulhamos em exibir aquilo que foi mais difícil de conseguir? Será mesmo que tudo aquilo que causa maior esforço é o mais indicado para nossa felicidade?

Lendo um desses sites em que anônimos podem fazer perguntas para os cadastrados, vi que pediam para uma menina classificar dentre seu circulo de amizades, as amigas que ela acreditaria serem “para casar”. Fiquei me questionando sobre como se definiria se alguém é para casar ou não, ao menos que ambos estejam apaixonados e experimentem uma convivência harmoniosa. Sob este ponto de vista, a meu ver, seria praticamente impossível uma pessoa ser classificada universalmente como digna de casamento ou não, visto que somos uma população heterogênea.

Na real, até imagino como essa seleção possa ser feita de acordo com uma lógica bastante comum dentro da nossa sociedade: Meninas que topam tudo de primeira X Meninas recatadas. O curioso é que existam pessoas (sobretudo homens) que buscam parceiras (os) mais “desinibidas”, mas quando encontram, acabam por fazer essa distinção mentalmente, e rapidamente perdem o interesse.

Do mesmo modo, observo que nós meninas, muitas vezes “enjoamos” daquele cara que liga constantemente para saber o que estamos fazendo, contar como foi o dia e dizer que não para de pensar em nós. Ao invés de parecer apaixonado, o menino sufoca. E ai por mais fofinho que possa parecer, geralmente acaba levando um toco.

Tanto que outra teoria bastante comum que dizem sobre as mulheres, é que preferimos os cafajestes. Termo bastante popular que faz menção ao cara atencioso, dedicado, sedutor, e principalmente, misterioso. Que preferem o flerte ao compromisso. Sendo por isso totalmente incerto tê-lo exclusivamente. Daí o motivo para explicarem as paixões que por ventura acontecem. Acusam-no de nutrir a idéia de que seremos a exceção na vida do tal “cafa”.

Mas, por que será que preferimos o mais difícil? Por que será que a menina que mostra sinal positivo sem necessitar de muitas “investidas” é jogada pra escanteio mais rápido? E entre nós, por que aquele cara que está sempre disponível demais, se mostrando interessado, nem sempre é levado a sério e mais sufoca do que atrai?

Será mesmo que história de amor que se preze necessita de boas doses de sofrimento, desencontros e baldes de lágrimas derramadas? É mesmo mais digno nutrir sentimento e correr atrás de quem pouco nos dá sinal de retribuição?

As vezes tenho a sensação de que estamos todos correndo atrás de uma coisa que ninguém sabe direito o que é. “Feito cegos, egos em agonia”. Talvez imaginando uma estrela de brilho raro, uma pedra preciosa ou outra raridade qualquer, que em certos momentos, por ser oferecida sem tanta dificuldade, estranhamos e rejeitamos pela aparente facilidade. É como se estivéssemos todos em nossas tocas em busca do amor, porém nenhum de nós sabe direito o que quer que ele possa ser.