Gostamos de escrever e de pensar. Costumávamos trocar e-mails, mas decidimos expor nossas ideias a quem quer que queira vê-las, e assim surgiu o Abracabessa. Sem cedilha mesmo, porque tudo pode ser mudado - e mesmo que não seja para melhor, às vezes a mudança traz consequências fantásticas!

28 de mar. de 2012

Culpa da mãe ou da sociedade?



Semana passada, foi veiculado no site da revista Época, uma matéria sobre um menino que nunca teve o cabelo cortado. Rean Carter, de acordo com a repórter, que por sua vez baseou-se no Daily Mail, estaria pedindo um corte de cabelo aos pais, desde que passou a ser confundido com uma menina nas ruas, e sofrido bullying na escola.

 
Rean estava sendo rejeitado pelos colegas, que não o queriam em brincadeiras como futebol, por dizer que ele se parecia com uma menina. Diante das situações incômodas, o garoto pediu que a mãe o levasse para um salão o mais rápido possível. O problema é que a mãe, que nunca cortou o cabelo do filho por admirar seus cachinhos, só de pensar no assunto, sente vontade de chorar.

É nesse viés que o texto da repórter se debruça, usando de suas próprias memórias infantis, o que as mães fazem com o visual dos filhos: “Quando pego minhas fotos aos cinco anos de idade, sempre pergunto para a minha mãe por que raios ela cortava meu cabelo daquele jeito”. Sob este aspecto, o texto é desenvolvido seguindo a ideia de que são as mães, as responsáveis pelas possíveis situações constrangedoras que o filho passa, sem se dar conta, uma vez que é cuidado por ela.

Enquanto via as fotos do garoto no Daily Mail, confesso que a fiquei imaginando vários cortes diferentes que melhor combinariam com ele, mas, impossível não questionar se de fato, é a mãe a grande culpada pelo desconforto da criança na escola. Será que o desejo de cortar o cabelo existia antes das confusões e rejeição dos colegas de sala? E, o mais arriscado ainda, será que é o mais aconselhável moldar-se para estar dentro dos padrões propostos por garotos de 5 ou 6 anos?

Não consigo enxergar diferença entre meninos que não deixam outro coleguinha jogar bola ou participar de outras brincadeiras entre eles por que ele parece com uma menina (e se fosse mesmo menina, não poderia jogar?), e os ignorantes que não toleram homossexuais, partindo para a pancadaria, só por se incomodarem com suas presenças.

Deixo bem claro que não quero dizer que o menino possa vir a se tornar um homossexual por causa do cabelo, mas, que a intolerância e a discriminação são as principais causas da violência. E o respeito pelas diferenças, deve sim, ser aprendido ainda na escola.