Gostamos de escrever e de pensar. Costumávamos trocar e-mails, mas decidimos expor nossas ideias a quem quer que queira vê-las, e assim surgiu o Abracabessa. Sem cedilha mesmo, porque tudo pode ser mudado - e mesmo que não seja para melhor, às vezes a mudança traz consequências fantásticas!

26 de jul. de 2010

CLARO - A do Ronaldo, o Fenômeno


Eu, se fosse aliar meu nome ao de uma empresa, procuraria conhecê-la.
Eu, se fosse um Fenômeno, faria uma verdadeira investigação.
Mas, como Ronaldo não procura nem saber se está transando com gay ou com mulher, é de se esperar essa falta de cuidado mesmo.
Comprei um modem da Claro há mais de um ano. Há duas semanas contatei a Oi para testar o 3G deles de graça, durante 60 dias.
Recebi o chip da OI, que devo colocar no modem desbloqueado e é aí onde um novo problema com a Claro se inicia. Novo, sim, porque já tive vários e por isso mesmo me desfiz do número que mantinha com eles desde meu primeiro celular.
Na quinta-feira passada (22/07) fui à loja Claro da Fernandes Lima, vizinha ao Bompreço, defronte ao antigo Shopping Cidade. Fui atendida. Não foi gerado protocolo desse atendimento. Não me preocupei em exigi-lo porque considerei que seria algo tão simples! A atendente, no guichê 7, depois de muitas idas e vindas e muito perguntar tudo a todos os colegas, volta e me diz que não tem cabo para conectar o aparelho.
- Mas comprei esse aparelho aqui e vocês não têm cabo?
- É que não vendemos mais, a senhora vai ter que trazero cabo, ou então faz o procedimento em casa mesmo.
Imprimiu o passo, me deu um número de desbloqueio. E eu, em férias e decidida a não me abalar, sa´´i de lá pensando "Em casa resolvo, em casa resolvo, aummmm, aummmmm".
Acontece que meu Windows 7 não tem o caminho necessário para o desbloqueio. Liguei 1052 e falei com 5 atendentes e nenhum deles parecia compreender o que eu queria.
No sábado, voltei à Claro, com o cabo + contrato + nota-fiscal + identidade e cpf + modem + chip da OI. Fui atendida no guichê 8, novamente sem protocolo, novamente esperando calmamente, novamente certa de que tudo estaria resolvido em breve. Novamente, depois de longa atividade não sem em quê, volta o rapaz
- Sabe o que é? O notebook da loja tá quebrado. São dois, mas só tem um e tá quebrado, mas a senhora pode fazer em casa
- (expliquei porque não poderia)
- Mas a senhora pode ir na Claro do Shopping, lá eles fazem.
O shopping não era meu destino, não estava em meus planos e fica do outro lado da cidade. Como ainda estava em férias e minhas sobrinhas também, saí de lá e convidei minha mãe e as meninas para um passeio. Fomos, com Marina a tiracolo.
No shopping:
- Eita, não vai dar para fazer porque o computador daqui ta quebrado...
- Não, não é possível. Eu fui à loja do Farol duas vezes e a última resposta foi essa. E o computador daqui está quebrado. Certo. Por favor, me dê a ficha de atendimento que lhe entreguei.
- Um momento, senhora - disse a moça, sentindo cheiro de PROCON, na certa, pois finalmente alguém da Claro abriu atendimento protocolado.
Não queiram saber quão irada fiquei! No domingo procurei fazer o desbloquei nos computadores de amigos, mas a versão do Windows era a mesma do meu. Liguei novamente para a Claro 1052. A atendente, mais estressada do que eu, em voz alta, terminou o atendimento dizendo
- Então, minha senhora, se quiser desbloquer entre em contato com o fabricante do modem (repetiu isso 3 vezes após eu explicar que a obrigação é da operadora e o modem não apresenta defeito) ou então vá a outra cidade e procure a Claro de lá.
Dá para acreditar nessa resposta!? Pedi que repetisse o número do protocolo, pois eu não havia ouvidos os últimos dígitos.
Acessei o site e procurei atendimento virtual. Pedi que repetisse o último protocolo e a atendente deu o anterior. Pesquisei meu protocolo no site e ele simplesmente não existia! Sumiu! Deletado. Prático, não? Como procurar reparação, explicações, se quem manipula simplesmente deleta o "problema". Uma hora depois do bate-papo do atendimento virtual pedi que a pessoa registrasse a reclamação sobre as lojas citadas, bem como sobre a ausência do protocolo - que eu acho gravíssimo. Informei que procuraria a Anatel e o Procon, o que fiz hoje, segunda-feira, dia 26/07.
Os registros das reclamações, para acompanhamento ou checagem:
Protocolo do último atendimento (foram vários) no 1052 ---> 2010145915124, atendente Helen
Protocolo do último atendimento na loja Claro do Iguatemi---> 2010145521839, atendente Souza
Protocolo do último atendimento no site 2010145933571, atendente Nayara
Nº do processo no PROCON-AL 1110-011-334-8
Nº da reclamação na ANATEL 933829-2010
Pesquisem no site da ANATEL http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=246292&assuntoPublicacao=Ranking%20SMP%20-%20JUN%202010&caminhoRel=null&filtro=1&documentoPath=246292.pdf
Do PROCON-AL http://www.procon.al.gov.br/ranking/rk20.pdf
Do site de defesa do consumidor RECLAME AQUI http://www.reclameaqui.com.br/indices/7712/claro/

8 de jul. de 2010

Segue abaixo mais um texto lido e comentando via e-mail que decidimos compartilhar aqui:


O insustentável preconceito do ser


Rosana Jatobá, jornalista da Globo

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.

Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:

- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!

-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.

-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.

-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?

-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.

-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.

-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.

Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:

"O teu cabelo não nega, mulata

Porque és mulata na cor

Mas como a cor não pega, mulata

Mulata, quero o teu amor".

"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.

O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:

"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:

'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).

Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".

Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !

E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!

Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:

-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:

- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...

Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".

Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.

O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

-Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos. ..

Rosana Jatobá

Rosana Jatobá é jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo. Também apresenta a Previsão do Tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo.

Esse texto é parte da série de crônicas sobre Sustentabilidade publicada na CBN

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E por falar em preconceito gostaria de colocar uma opinião baseada no que vi na copa do mundo de 2010 realizada no continente africano:


Primeiramente escutei inúmeros comentários de que a áfrica não teria condições de realizar uma copa do mundo, inclusive alguns dizendo que a toda poderosa alemanha já estava na alça de mira preparada para “abraçar a causa”, caso a áfrica não conseguisse realizar o evento. Depois reclamaram da bola, do barulho das cornetas - as chamadas vuvuzelas – que, aqui pra nós é um saco mesmo, mas se fosse em outro canto ninguém ia pedir pra parar nada.

Eis que começa a copa. e o que vi?

A começar pela propaganda da coca cola, que sempre apresenta produções muito requintadas e até emocionantes devido ao cuidado que salta aos olhos em suas campanhas. Fizeram uma propaganda horrorosa com meninos negros e pobres correndo em campos de terra, subindo penhascos e estambocando seus enormes joelhos, fugindo desesperados de monstros que mais parecem lixões que os perseguem implacavelmente.

terá sido coincidência que os chamados "favoritos", representados pelos “irmãos de cima”, tenham tido uma apresentação tão pífia? Pois é... itália, frança, inglaterra, estados unidos, austrália com seu pior time que já vi jogar, não deram a devida importância a essa copa por que ela foi realizada na áfrica. Levaram o que tinham de pior em seus elencos e foi nisso que deu: quando abriram os olhos a copa tinha ido pro brejo. Até a grécia apresentou um futebol sonolento, enfadonho, chegando ao irritante. A própria alemanha quase sai e só passou - no pau do canto como dizia minha avó, quando a gente passava apertado de um ano pro outro na escola – por que o seu pragmatismo inconsciente de tão arraigado despertou e botou o time pra correr e tentar pelo menos jogar.

Por outro lado, vi os times representantes da áfrica, especialmente a nigéria e camarões, de quem eu muito esperava e temia, num possível confronto com o brasil, completamente apáticos cometendo erros “incometíveis”, aceitando, como encantados, em quase todas as partidas, uma supremacia inexistente, pois os adversários quase caíam em campo, sonolentos que estavam. Times totalmente desprovidos de vontade, garra, entregando o ouro pra ninguém. fizeram da copa olixão da coca cola. e haja perseguição!...

Paulo Caldas