Gostamos de escrever e de pensar. Costumávamos trocar e-mails, mas decidimos expor nossas ideias a quem quer que queira vê-las, e assim surgiu o Abracabessa. Sem cedilha mesmo, porque tudo pode ser mudado - e mesmo que não seja para melhor, às vezes a mudança traz consequências fantásticas!

23 de abr. de 2010

Dias de chuva são chatos. Não, eles não são não... A gente é que faz deles um dia ruim. (Como um dia ensolarado também pode se tornar um.) O que gosto nos dias de chuva é a sensação de poder dormir o quanto quiser, pois o frio e a falta de claridade de um dia nublado dão a sensação de que a hora passa mais devagar. Gosto também de ir dormir ouvindo o barulho da chuva, que tem um cheiro diferente quando se mora num lugar com árvores ao redor, ou ver filme. Só que a chuva não veio trazer essa boa sensação na noite em questão. Além de chover, também faltava luz, e além de faltar luz, faltava sono, logo, sobrava tédio. O conto a seguir vem inspirado numa noite como essa.




Eram desses dias monótonos em que falta luz e você está sozinha, sem nada pra fazer. Disfarçava a solidão no MSN, conversando bobagens com pessoas distantes, e lia frases do seu escritor favorito.
Comeu um pedaço de bolo de chocolate que estava na geladeira e continuou gastando o tempo no computador, com quem espera algo – ou mesmo o sono – para sair dali.
A plaquinha, ou uma das, que ela esperava ver o MSN avisar subindo, não deu sinal a noite inteira, ou pelo menos no tempo em que esteve. Continuou confortavelmente lendo e jogando conversa fora, até que em muito pouco tempo lhe roubaram a diversão. A energia se foi e de repente ela se viu cega e invisível. Só enxergava o silêncio.
E parece que com a escuridão tudo lhe saltava aos olhos; a solidão, o desperdício de tempo e a falta de um bom telefonema numa noite mal aproveitada.
Saiu tateando os móveis até achar a lanterna. Com um pequeno raio de luz, pegou duas velas e acendeu junto de si. Deitou na cama, mesmo sem sono, e olhou para o celular, que não emitiu nenhum ruído diferente. Pensou em ligar para milhares de números, concluiu ser melhor ficar consigo mesma.
Preferiu então um papel e uma caneta, e cheio de riscos, continuou tentando traduzir tudo aquilo que sentia. Sensações da menina solitária, numa noite chuvosa e escura, que daria tudo por uma ligação ou alguém que lhe quisesse contar histórias.
Alguém que naquele momento era impossível de encontrar. Então, naquele instante, ela decidiu ser pra si mesma esse alguém. O adulto que finge de sério, e acaba de escrever, e a criança fantasiosa que dentro de instantes estará lendo essa história.

18 de abr. de 2010

"Quem quer ser um milionário?"



Cá estou eu encantada com o ganhador do Oscar de melhor filme de 2009. Assistimos hoje e só sei que ganhou Oscar porque li a resenha (link abaixo), que inclusive exprime um pouco da minha opinião sobre o filme.
O dono da locadora disse tratar-se uma comédia ótima. Fiquei então pensando "Será que ele classifica de comédia um filme que lhe arranca alguma risada?" Não acho que seja um filme romântico nos moldes americanos genuínos (Cidade dos anjos, A casa do lago, etc.), mas é uma história de amor, sim, bem próxima de Romeu e Julieta. Sóque no filme o casal morre para a vida dura que levaram até ali.
Em vários momentos, o jeito apático do garoto parece indicar que sofre de algum problema psicológico ou mental...mas quem não sofreria, vivendo a miséria que ele viveu? Pois o Romeu indiano, que lembra um pouquinho, lá longe, o Ralph Macchio (Karatê Kid), porém sendo melhor ator.
Pois então, é a dica: romance, fé, amor, redenção, ressurreição...

3 de abr. de 2010

Ainda Sobre Russo

A jornalista, desinformada, a coitada, estava dizendo que "Renato Russo mantinha um caso de amor com Brasília..." então corri para diante da TV para ver do que se tratava. Seria o aniversário de Renato Russo. 50 anos. A idade de meu marido, Paulo. Olhei a TV, olhei para o Paulo meio desconfiada, pensei no Renato assim, meio Paulo, coroa, sem querer usar Internet, reclamando de barulho de guitarra. Bom, "as pessoas são diferentes..." concluí. Conclusão rasa, meu Deus, mas depois de uma repórter de jornal das 8 dizer uma barbaridade dessas eu não poderia pensar em nada melhor!
Vamos imaginar que a repórter, que tem seus 40 e poucos anos, tivesse sido abduzida nos 80' e nada viveu da cena do pop rock de então. Tendo sido devolvida pelos ETs, estudou jornalismo e foi trabalhar na TV. Nunca havia feito uma cobertura sobre rock e como havia ficado ausente (estava em outro planeta, lembram?), precisou pesquisar um pouco, para se preparar para a matéria. SE tivesse feito isso, saberia que nenhum punk ou roqueiro, e RR era os dois, cantaria amor a Brasília, não nos anos 80!
Mas a pobre falou isso, com Brasília às suas costas, sorrindo. Renato nem ligou, tomou todas, ta chapado em alguma esquina, ele "passarinha". Já eu, preocupada com umpouco de verdade e de História, fui arrumar minha papelada e encontrei uma pasta encardida com livro sobre a vida de Renato Russo, recortes de jornais, matérias e pôsteres de revista, tudo amarelado, cheirando a mofo. Pensei em jogar fora, mas lembrei de Marina (1 ano e 5 meses). Ela também vai se apaixonar, vai fazer (outros tipos de) recortes, e se eu jogar essas lembranças fora, vai pensar que os pais não sabem o que é isso. Sei sim. Tenho todos os CDs de Legião Urbana e Renato Russo...e há 14 anos não consigo ouvi-los. Saudades
http://www.terra.com.br/istoegente/34/reportagens/rep_renato.htm